quarta-feira, 12 de junho de 2013

A RUIVA - PARTE VIII



 UM HOMEM CHAMADO CAVALO

Chegamos finalmente ao lugar onde rolava a tal festa de suspensão humana. Ficava em um bairro, nas proximidades do centro de Parintins. Um bairro calmo, cercado de árvores e silencio. Descemos das charretes, pagamos a corrida e caminhamos na direção de um casarão antigo. Atravessamos um portão de madeira formando um grande arco de caramanchões e buganvílias - que pensei que só existissem nos romances de Virgínia Wolf ou do Sr. Macedo, e pela lateral da casa, descemos umas escadas espiraladas que nos conduziram a um porão sombrio, mergulhado em fumaceiro total. Não dava para ver um palmo diante do nosso nariz. Ficamos ali parados sentindo um cheiro bom de mato queimado. Vultos apequenados se moviam dentro da fumaça. Dançavam ao som de uma versão eletrônica de Je Nuns Sanctus Vostre Amour. Nada de toadas bovinas. Festa estranhíssima. Quando a densa fumaça enfim se dissipou, vimos os anões surgirem. Um montão deles. O porão transbordava de anões. Anões de todos os tipos e tamanhos. Divertiam-se a valer, dançando, conversando, bebendo... Alguns deles distraiam-se embalando para lá e para cá uma variedade de corpos humanos pendurados por enormes ganchos, feito carnes de açougue. Aquilo fez arrepiar os cabelos do meu cu. Nunca tinha visto tanta bizarrice em toda minha vida. Houve então uma salva de palmas, assobios e ‘uhuuuusss’ quando os anões nos viram ali em pé, ainda assustados. Dois deles se aproximaram da gente. Um se chamava Aquiles e tinha uma cabeleira de moicano colorida lembrando o anão de um filme pornô que eu assistia ás escondidas de Selminha quando vivíamos juntos. O outro, um pouco mais baixo, usava jaquetas pretas, a cabeça raspada e um bigodinho. Este me lembrava a amostra grátis do Fred Mercury. Eram os anfitriões da festa. Abraçaram tanto Virna que ela chegou a sufocar. Com muito jeito, outros anões se aproximaram e nos rodearam. Todos eles tinham os olhos bastante expressivos. Virna nos apresentou a cada um deles. O de bigodinho de Fred Mercury disse:
“Ah, que bom que veio, querida! E hoje é um dia tão especial para nós, não é, amor?
“Vamos nos casar!” Completou orgulhoso o de cabelo moicano.
“Finalmente criaram juízo!” Disse Virna. Eu não sabia o que dizer. Parecia que eu estava dentro de um sonho loucamente entorpecido. Há 24 horas atrás – vejam bem -  eu estava em Manaus vivendo o dilema do meu cotidiano demasiadamente humano, e de repente eu me encontrava em Parintins na companhia de um índio Baniwa obcecado por ruivas e de um casal de paulistas antropólogos e cocainômanos, ali, bem no meio de uma convenção de suspensão humana, celebrando um evento de noivado entre anões homoafetivos. O que pensar disso tudo? A vida é mesmo louca. E a festa estava só começando...
Aos poucos, fomos nos ambientando. Virna levou o Índio a um cantinho da sala para convencê-lo de alguma coisa. O casal de paulistinhas viu-se cercado de anões curiosos e eu fui me sentar um pouco, perto de um cara comprido e branco que bebia um troço esverdeado e, que aos meus olhos, me pareceu o único normal ali, até eu iniciar a conversa com ele:
“Oi chapa! Meu nome é Mario.”
“Smith. Mas pode me chamar de Cavalo.”
“Tudo bom, Cavalo?”
“Sim.” Ele apertou minha mão de um jeito diferente. Senti uma espécie de calor humano.
“Está gostando da festa, Mário?”
“Festa estranha com gente esquisita, mas estou curtindo.” Entabulamos uma conversa. O tal Cavalo falava engraçado e pude logo notar que se tratava de um gringo. Tinha costeletas bem vermelhas, olhos bem claros e usava uma manta branca e longa com um desenho esquisito de um triângulo estampado no peito:
“Vens sempre aqui, Smith? Quer dizer, Cavalo.”
“Sim, sim. Uma vez por mês quando venho a Parintins em missão. Sou um missionário divinório da dor. Sou de Denver.”
“Ah, um missionário divinório da dor, entendi.” Só me faltava essa. Virei e fiquei olhando bem pra ele. E ele então prosseguiu:
“E também um adepto da suspensão humana.” Completou.
“Caraca, quer dizer que também curte ficar pendurado nesses ganchos, é? Uii! Deve doer pacas, hein, chapa?”
“Nada comparado as dores que vi nos campos de refugiados em Burundi, Serra Leoa e Ruanda, quando era voluntário na Cruz Vermelha.” Fiquei sério.
“Ah, então esteve na África, chapa?”
“Sim, estive. E posso lhe garantir que eu vi de perto o rosto da dor.”
            Aquilo parecia interessante. Aprocheguei-me mais dele bem no instante em que um sujeito estava sendo pendurado pelos colhões, pondo-se de cabeça para baixo. Ficou ali, na vertical. A pele dos colhões dele esticava-se com força e ele sorria daquilo.
“Ali eu vi a dor com toda sua pungência. Cabeças decepadas, corpos mutilados...Crianças sendo arrancadas dos ventres das mães com a força das baionetas. A dor nos olhos do dilaceramento, eu vi.”
“Cê tá falando sério, Cavalo?” Não sabia se prestava atenção no relato do Cavalo ou se olhava para aquele cara sendo pendurado pelas bolas.
“Não queira acreditar, meu rapaz.” Disse ele bebendo um pouco daquela sua bebida. Olhávamos para a mesma direção. O cara lá agora pendurado a 50cm do chão, preso pelos colhões, parecendo flutuar. O Cavalo continuou:
“Quer ouvir?”
“Sim, claro!”
“Era novembro de 1996, eu me lembro. Estava eu e mais três colegas missionários ali cercados num daqueles acampamentos em Ruanda, cuidando dos ferimentos de um soldado Tutsi. Ele tinha um ferimento feio numa das pernas e ela precisava ser amputada. Sua mulher estava presente e acompanhava tudo. Grávida, esperava um filho seu. Ele gritava de dor. Tentávamos estancar a sangria. O seu grito pavoroso atraiu os Hutus que invadiram o acampamento. Não esqueço mais este dia. Ameaçaram nos matar se impedíssemos a morte daquele homem. Eles tinham as baionetas apontadas para as nossas cabeças. Nos colocaram ajoelhados e nos obrigaram a ver a perna do Tutsi sendo arrancada a sangue frio e atirada aos cachorros lá fora. Ele ainda gritava. Morreu gritando sem aquela perna. A mulher dele foi mais corajosa. Arrastada para o centro do acampamento, abriram-lhe o ventre e arrancaram lá de dentro a criança ainda viva. O mais incrível é que a mulher não gritava enquanto abriam seu ventre. Aguentou tudo calada. Como se tivesse todo o controle do sofrimento e da dor. Enquanto era estripada, seus olhos arregalados encaravam de frente aqueles homens cruéis com suas baionetas. Eu vi aqueles olhos bem abertos de horror. Eu vi de perto toda a dor do mundo e compreendi que não poderia existir dor maior que aquela que pudesse ser suportada ao extremo...”
“Putz, chapa!”
“A partir daí, me tornei um peregrino da dor. Entendi que precisava experimentá-la a qualquer preço. A suspensão humana é uma prática ritualista antiga entre os índios sioux e hindus. Eles praticavam o levantamento com dois ganchos enterrados no peito. Uma dor monstruosa, meu caro! Alguns remanescentes sioux ainda a praticam. Estive entre eles logo que deixei a Cruz Vermelha e fundei a Missão Divinória da Dor. Mas não me senti pronto na época. É preciso um preparo profundo da alma. A compreensão total da dor em toda sua extensão e limites, entende?
            “Poxa, Cavalo, que história, hein? E este triângulo aí no peito?”
“O triângulo foi a revelação que tive durante o ritual da tucandeira. Ele representa o ciclo da dor. É preciso que o ciclo se feche para se atingir a grande paz espiritual. Os anões me ensinaram isso. Mas nem os próprios adeptos da suspensão humana acreditam. Eles acham que a dor existe pela dor e que além dela não existe mais nada. Mas estão enganados, e eu aos poucos vou convencendo-os disso. A minha caminhada não é mais solitária. E tudo graças aos anões e a prática de suspensão humana. Através dela, sou capaz de controlar a dor pela alternância dos sentidos e da minha grande fé inabalável. A dor é a realidade no mundo. Devemos entendê-la e superá-la. Oh Lord!”
Entendia agora o Cavalo. O sofrimento servia a um propósito divinal. OS ANÕES EMBALAVAM PARA LÁ E PARA CÁ O CARINHA PRESO PELOS COLHÕES.
“Aquele é o Nelson, oficial da Marinha Inglesa. O conheci durante uma das missões que fiz a Polinésia, em 2003. Ele sentia muita dor na alma desde que a esposa o abandonou por outro, levando os filhos e tudo, e aquela, portanto, seria sua última viagem ao pacífico, pois que ele tinha ideias de suicídio. A dor do abandono também é uma dor mortal.”
“É verdade...” Lembrei quando Selminha me abandonou e eu senti uma pontada de dor. Foi como uma unha encravada do pé sendo arrancada a sangue frio. Ah, que estupidez! Varri logo aquilo da cabeça.
“E então? O que aconteceu com ele, chapa?”
“Nelson havia se tornado um homem imprestável desde então. Uma ruína humana. A dor dele era interna. Cirúrgica. Senti na obrigação de lhe falar sobre A Missão Divinória da Dor e que através dela ele poderia obter a sua cura. Concordou. Quando desembarcamos em Parintins, eu o trouxe para cá e o apresentei aos anões que o submeteram à prática da suspensão humana. Aos poucos, foi aprendendo a lidar com a dor. Ele foi se curando. Já é capaz de superar a dor. Veja como sorri suspenso pelos testículos.”
“Mas por que pelos testículos, Cavalo?”
“Bom, por que ele havia colocado em cheque sua virilidade e todo seu estoque testosterônico.”
“Não sei se teria a mesma coragem de ficar preso pelos colhões, Cavalo.”
“A dor resgata a coragem. Os homens de valor já não as possuem mais. Além do que, a dor não aprisiona. Ela liberta. E se não tens a mesma coragem do Nelson e de todos aqui, é porque nunca sentiu dor na vida. Não vejo cicatriz alguma dentro ou fora do seu corpo. O que não impede de experimentar a suspensão humana.”
“Não, obrigado, Cavalo. Estou muito bem assim, sem sentir dor.”
Depois ouvimos o coro de anões gritando: “Cavalo! Cavalo! Cavalo!”
“Chegou minha vez.” Ele levantou-se. Era um sujeito grandalhão e magro. Ele livrou-se do manto e pôs-se nu. Era branco e depilado como uma vela. “Cavalo! Cavalo! Cavalo!” O corinho de anões gritava. Me apossei da bebida dele. Os anões enfiaram uns ganchos em suas pálpebras. Ele seria erguido pelas pálpebras. Acompanhava aquilo sem acreditar. Criatura nenhuma poderia ser suspensa pelas pálpebras. Aquilo ia rebentar. O cara era um louco mesmo! Fui apanhar uma bebida daquelas para mim. Tomei uma golada daquilo. Era amarga e forte. Me escorei no balcão e fiquei olhando o Cavalo sendo suspenso devagar. Ao invés dele gritar, ele começou a cantarolar uma canção que foi aumentando de tom à medida que ele ia sendo erguido mais para o alto:
“Eu vejo o meu Deus! Eu vejo o meu Deus! O meu doce Deus! O meu doce Deus! Ohh, meu Deus! Eu realmente quero conhecer o meu Deus! Eu quero realmente conhecer o meu Deus! Meu doce Deus! Aleluia! Aleluia! Cantava o Cavalo. Os anões o acompanhavam batendo palmas e balançando seus ombros para lá e para cá. Olhei e o Índio chorava ao lado de Virna que lhe apertava as mãos. Marcos e Chelsea também acompanhavam o coro de anões cantando e batendo palmas. Todos pareciam ter entrado em um transe divinório. Eu estava sem dúvida dentro de uma seita de malucos ou o quê? Tomei mais uma golada daquela coisa verde e amarga e vi tudo turvo. Uma anãzinha se aproximou de mim e me pegou pelas mãos. Assustei-me com o alfinetão que transpassava-lhe o nariz de adunco e com a imensa argola de aço que lhe enlarguecia uma das orelhas ( tal como fazem os índios do Xingu). Como se não bastasse, era muda e se comunicava através dos sinais. Começamos a dançar. Uma dança doce e estranha ao som de uma cítara indiana que me lembrava uma canção de Ravi Shankar. Todos dançavam e cantavam agora. O Cavalo pendurado pelas pálpebras numa altura de uns 30cm, entoava aquela canção de braços e olhos bem abertos. Era assustador. Larguei a mão da anãzinha que ficou triste e me pus sentado no meio da sala batendo minhas duas mãos em ambas as pernas. Tinha também entrado em transe. Chelsea veio sentar ao meu lado e me ofereceu um pouco do seu pó. Cheirei e fiquei olhando abestalhado para ela. Ela apertou meu pau, me beijou a boca, sorriu e em seguida levantou-se e saiu dançando na companhia de um anão albino. Ela estava feliz. Havia se encontrado.  Fiquei sozinho e comecei a chorar como uma criança grande e tola debaixo de todos aqueles corpos que pairavam sobre minha cabeça, enganchados pelas várias partes do corpo. Chorei profundamente como se toda a dor daqueles corpos atravessados fizesse parte da minha dor que eu não conseguia sentir jamais porque a dor estava sepultada em algum lugar dentro de mim. Depois, a anãzinha veio para junto de mim e sentou ao meu lado. Eu então encostei a minha cabeça em seu colo e silenciei meu choro. Aí então eu apaguei.
Acordei deitado no meio da sala com o barulho de alguns anões arrastando uma enorme caixa de som. Olhei para cima e vi uns poucos corpos que ainda se mantinham suspensos no alto. Não vi o Cavalo e nem o seu amigo suicida, o Nelson. Fiquei sentado um pouco. Minha cabeça arrebentada girava como um carrossel vazio e sem graça. Marcos já estava de pé fazendo reparos na sua máquina fotográfica enquanto Chelsea afagava carinhosamente a cabeça do anão albino que dormia no seu colo. A anã muda surgiu na sala trazendo um caldinho de peixe fumegante. Virna vinha logo atrás dela. Sorrindo me perguntou:
“Tudo bem aí, Mário Augusto?”
            “Égua! É como se uma carreta tivesse passado por cima da minha cabeça e estourado tudo.”
“Nunca mais repita isso, Mário Augusto. Você nunca sentiu a dor de uma carreta passando por cima da sua cabeça. Agora prova desse caldinho aí, vai ficar bom num minuto.” Disse Virna. A anãzinha muda me dava o caldinho na boca. Chelsea e o anão albino deram uma cafungada que eu ouvira dali. Depois foi a vez dela sorri para mim. Aquilo foi como um bálsamo. Sentia cada vez mais tesão por seu corpo. Eu precisava dele.
“Não esquece que temos que ir hoje à aldeia, Chelsea.” Lembrou Marcos sério demais regulando as lentes da sua câmera fotográfica. Ainda não o tinha visto falar daquele jeito. Parecia chateado. Sério demais. Aproveitou e bateu algumas fotos de mim, ali, fulminado. A anãzinha muda tentava me dizer alguma coisa através dos sinais:
“O que ela está dizendo?”
“Que o nome dela é Valentina e que foi ela que preparou o caldo com muito carinho. Sua história é triste, Mário. Não nasceu muda. Perdeu a voz ainda criança após ver os pais esmagados debaixo das rodas de um caminhão de lixo. Foi um grande choque.” Fiquei sem o que dizer. Tava explicado o alfinetão atravessado no nariz e aquela argola de aço arregaçando uma das orelhas. Acho que perdi mesmo a alma. Agradeci pelo caldinho e perguntei as horas.
“Dez e pouco. Vamos almoçar e depois vamos à aldeia.” Disse Virna com sua voz grave e rouca.
Arrumei minhas tralhas tropeçando ainda em alguns anões abraçados e nus, espalhados pelo chão. Quando já estava pronto para partir, lembrei-me do Índio, afinal:
“Cadê a porra do Índio?”
“Cláudio? Então – disse Virna meio sem jeito – acho que não vai dar pra ele ir com a gente, não.”
“Por quê?”
Apontou para o canto da sala e eu vi um corpo pendurado pelos peitos a uma altura de uns 20cm mais ou menos. Aquilo me lembrou “Um homem chamado Cavalo”, do Silverstein.
“Ele decidiu experimentar uma okee. Mas não se preocupe. São apenas anzóis de pesca. Achamos conveniente por se tratar de um iniciante.”
“E agora?”
“É bom não acordá-lo. Ainda está em processo de autoconhecimento e aceitação.” Disse Virna. Marcos aproveitou e bateu algumas fotos dele também.
Nos despedimos dos anãoeszinhos e partimos para a  nossa próxima aventura.
***
            Deixamos aquele porão e nos enfiamos dessa vez numa charrete bem confortável, com cobertura e banco com estofamento. Ganhamos as ruas ensolaradas e cada vez mais intransitáveis de Parintins. As casinhas, pintadas de azul e vermelho (representando as cores dos bois rivais) passavam por nós bem devagar. Demos uma volta em torno da grande arena toda enfeitada onde acontecia o duelo dos bois. Era Virna que dessa vez nos explicava tudo. Saltamos do triciclo e nos misturamos à multidão de rostos anônimos vindo de todos os cantos do planeta como uma praga de gafanhotos. Aqui ou acolá um nativo da ilha nos parava na rua para vender suas bugigangas. Marcos comprou um colar indígena e deu de presente a Chelsea. Ela sorriu sem graça. O sol ardia sobre nossas moleiras. Paramos em um restaurante. Virna pediu que servissem uma caldeirada de tambaca. Comemos em silencio e satisfeitos. Cada um com seu pensamento recolhido. Enquanto comia, olhava discretamente para Chelsea e me perguntava quando eu teria outra oportunidade com ela. Era o tipo de mulher que vicia um homem. Daria tudo pra transar com ela outra vez. Mas ela estava pensativa demais enquanto devorava com elegância aquele peixe delicioso. Não olhou para mim uma única vez. Os óculos escuros cobriam-lhe os lindos olhos. Devia ser o cansaço de toda aquela maratona surreal, pensei. Já me vinha uma ereção. O pau ficando logo duro. Tentei me controlar dessa vez. Era difícil. Ah, caralho! Talvez eu devesse mesmo assumir um autocontrole peniano ou então procurar um médico. Quem sabe... NÃO! Nem fodendo me enfiaria naqueles ganchinhos procurando a cura! Égua! A boca seca. A cabeça ainda embotada daquelas imagens absurdas da noite passada: o relato do Cavalo, o drama do Nelson. Toda aquela horda de liliputianos saídos das páginas de Gulliver... Era difícil acreditar que tudo aquilo estivesse acontecendo ali, em Parintins. Apimentei mais o peixe. Ademais, eu não queria me curar mesmo! O que eu precisava era ter mais uma chance com a Chelsea e depois, quem sabe, esquecê-la? Ali agora, olhando bem pra ela - O PAU DURÍSSIMO – e se não baixasse mais? A porra do priapismo. Sofro de priapismo. Talvez devesse falar dele agora. Pois bem. Tenho priapismo desde os doze anos. Aos vinte, tive um que quase me custou a vida. É, foi. Vou lhes contar. Se o leitor quiser pular essa página, tudo bem, não me importo, mas já que o mesmo, corajosamente se aventurou em chegar até aqui, por que não arriscar?

Um comentário:

  1. porra supensão pelos culhões é demais mário augusto, e pelas pálpebras nem pensar, mas como tu mesmo escreveu, é uma maratona surreal

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