quinta-feira, 13 de junho de 2013

A RUIVA - PARTE IX



             PRIAPISMO

O nome dela era Madalena e ela na ocasião devia ter seus cinquenta e poucos, sei lá, nunca quis saber, o barato era sair metendo em qualquer buraco de mulher que me desse bola. Madá me dava a maior bola. Apesar da idade, era uma negona enxutaça, baixa, bundão maravilhoso! Tinha os seios fartões que balançavam alegres quando ela ficava ali batendo roupas sobre o tanque a manhã inteira. Tinha alma e língua de lavadeira quando entrava numas com o maridão, mas era só levar umas bofetadas do cara que ela ficava mansinha, mansinha. Madalena gostava de levar umas bordoadas do maridão. Caralho! Por que será que estou me lembrando dessas coisas? Ah, sim, a minha crise de priapismo. Pois bem, o cafofo da dona dava fundos para minha casa no bairro da Glória e todos os dias eu abria a janela da cozinha para ver seus enormes peitões balançando naquele vestido sem alças. O volume do meu pênis apontado pra cima, rosnando feito um cão. Ás vezes eu batia uma punheta ali mesmo olhando ela lavar roupa. Gozava e lançava as sementinhas no quintal. Guardava o pau e dizia a mim mesmo: “Um dia vou foder essa coroa.” Era o meu desejo. Bom, a dona ficava sozinha o dia inteiro batendo roupas, cuidando da casa e os cambal, enquanto o maridão -  um brutamontes mal encarado - dava o maior duro como motorista de ônibus na empresa Cascavel. Um dia Madalena me viu punhetando e sorriu. Todos os dias ela sorria de lá para mim. Um dia ela me chamou com o movimento da cabeça e eu varei desesperado as cercas do quintal. Fui até lá. Conversei um pouco com ela na porta da sua cozinha e ela me convidou pra entrar. Entrei. Ficamos frente a frente. Eram três da tarde de um dia desses qualquer. Ela tinha um cheiro forte. Acebolado. A bunda era enorme. Eu avancei nela. Abocanhei os peitões. Menino, ela disse. Encostei-a na parede e meti o dedo na sua buceta toda melada. Ela abriu bem os olhos quando o dedo penetrou nela. Cheirei em seguida. Cheiro azedo e gostoso. Ela me empurrou sobre o sofá da sala e foi se livrando do vestido e montando em mim. Não usava calcinha por baixo. Melhor ainda. O pau encaixou direitinho. Parecia feito na medida para aquela buceta toda negra e de lábios bem vermelhos. Vai e vem gostoso. Pra cima e pra baixo. Putz! Madalena! Aquela mulher sabia foder como ninguém. Ficamos ali horas. Pedi pra comer o cu dela, mas ela se recusou. Prometeu que outro dia eu comeria o cu dela. Continuamos metendo. Demoramos a gozar.
No dia seguinte, lá estava eu outra vez batendo de novo na porta de Madá depois que ela me dava o sinal com a cabeça. E mais sexo. Eu tinha muito estoque na época. A testosterona explodindo. Vinte e poucos anos, porra! Experimentei todas as posições e lugares com Madalena. Fodi-a em pé ou de quatro no banheiro, de bruços sobre o fogão, em pé atrás de um mamoeirozinho que havia no seu quintal enquanto ela estendia as roupas; na cozinha também quando ela cortava as cebolas com lágrimas nos olhos (E aquilo me dava maior tesão. Experimente você comer uma mulher na cozinha cortando cebolas!) Meti muito em Madalena. Não desgrudávamos. Experimentávamos tudo. Os dias mais felizes ao lado de Madalena. Quando não estava com vontade de fodê-la, o tesão apagado, ela se punha de lá á beira do tanque vestindo um colant vermelho me provocando e meu pau dava um sinal furioso. E lá estava eu de novo varando as cercas do quintal, batendo na porta da sua casa, rosnando. Madalena tinha um fogo dentro dela, aquela mulher. Algo diabolizante mesmo. Depois que transávamos, eu ainda batia umas punhetas pensando nela. Mas um dia, aconteceu. A minha crise de priapismo.
Bom, estávamos lá os dois a tarde toda fodendo. Entramos pela noite. Ela não parava de esguinchar, e eu já estava ficando cansado e preocupado com as horas. Eram quase nove. Nunca tinha ficado tanto tempo na companhia de Madalena. Mas ela me garantiu que naquele dia o maridão chegaria bem tarde. E continuamos metendo. Até que finalmente ela parou de esguinchar. Havia gozado, acho que, pela enésima vez. Eu contava pelas descargas elétricas do seu corpo quando orgasmava. Enquanto eu tinha três ou quatro orgasmos por foda, ela tinha o triplo. Eu saía de lá com o pau esfolado e dolorido. Naquele dia, após gozarmos, tentei tirar imediatamente o meu pau lá de dentro, mas não consegui. Era como se a buceta dela tivesse criado garras não deixando o meu pai sair de dentro dela de jeito nenhum. Caralho! Tentei me desenganchar dela e nada. Estávamos definitivamente grudados como dois batráquios:
“Não sai!”
“Como não sai? Tira logo essa porra daí?”
“Não dá, Madalena! Tive um priapismo.”
“Que porra é essa, caralho?”
“Estamos presos pelos órgãos!”
“Tá de sacanagem! Manel tá chegando ai, cara!”
“Mas não consigo sair!”
Ela forçou o seu corpo para trás. Ossos estalaram. Quase gritei.
“Fodeu!”
“Fodeu mesmo! Só que não adianta forçar. Pode quebrar meu pau.”
“Quanto tempo essa porra demora?”
“Uma média de quatro horas ou mais. Ás vezes dias...”
“Não fode, caralho! Vamo pro médico!”
“Pirou? Como vamos sair daqui os dois, grudados?”
“Porra, Mário, tu é chave de cadeia mesmo, hein?” Nunca a ouvi falar daquele jeito comigo. Eu vi o desespero e a frieza nos olhos dela. A gente só conhece as pessoas em situação de desespero. Aí o amor acaba. Se esvai. Ficamos ali tentando nos desgrudar. As horas passando. Já eram quase onze da noite. Ficamos ali pensando numa solução. Suávamos á beça. Senti sede e ela também. Tentei levantar sustentando Madalena, mas ela era muito pesada. Fizemos o contrário: por ser leve, entrelacei minhas pernas envolta do seu quadril e fomos até a cozinha, comigo engatado na transversal. Parecia um filhote de canguru. Um troço humilhante mesmo! Bebemos bastante água. Andamos um pouco pela casa como uma aberração humana. Estávamos bastante nervosos. A qualquer hora tínhamos a impressão de ouvir Manel batendo na porta. Sentamos no sofá. Tentei forçar novamente a retirada do pau, mas nada. Parecíamos destinados a ficar ali grudados para sempre. Sentia o seu cheiro forte de negra. O azedume de seus cabelos. O hálito quente que saía da sua boca grande. Comecei a enjoar Madalena. Aí houve umas batidas de verdade na porta. Uma, duas, três vezes:
“Puta que pariu, é o Manel!”
“E agora?”
“Agora fodeu!” 
“Abre a porta, Madalena!” O cara começou a gritar e esmurrar a porta.
“Pro quintal, rápido!” Ela disse. Tentou correr comigo grudado em seu ventre, mais perdemos o equilíbrio e desabamos no chão. O cara arrombou a porta e entrou. Nos flagrou ali no chão. Sua sombra era imensa e o seu rosto era um rosto distorcido de ódio e de raiva.
“Manel, pelamordedeus!” Ela gritou.
“Seus filhos das putas!” E ele caiu matando pra cima da gente com socos e pontapés. Senti umas costelas quebrando. Não satisfeito, foi até a cozinha pegar o terçado. Um filme inteiro da minha vida fodida e sem graça passou pela minha cabeça á prêmio. Foi nessa hora que sentimos medo. Um medo tão imenso que nos colocou imediatamente de pé, obrigando-me a soltar os braços que enlaçavam o pescoço de Madalena e em seguida, projetar violentamente todo o meu corpo para trás, desencaixando-me, finalmente. O som foi seco como de um desentupidor de pia ou uma rolha de champanha. Ela caiu para um lado e eu para o outro. Ainda senti o resvalar do terçado que passou zunindo no pé do ouvido antes de eu ganhar,desesperado, as portas dos fundos da cozinha. Não sei a que distância eu fui parar. Quando dei por mim, andava nu, catatônico e com o pau feito uma estaca pelas ruas desertas do Bairro da Glória como num daqueles sonhos miseráveis que a gente sonha caminhando sem roupa e sem rumo, por aí.
Como tudo acabou? Bem, como se não bastasse, depois de caminhar um bocado por uma rua deserta, a uma e pouca da manhã, vi as luzes e a sirene de uma viatura ganindo atrás de mim. O carro foi parando devagar ao meu lado:
“Encosta aí!” Encostei.
“Que porra é essa?”
“Fui assaltado.” Ficaram olhando.
“Que direção eles foram?” Perguntou o outro.
“Nessa direção mesmo.” Apontei bem pra lá. Passaram uma mensagem no rádio.
“Mora onde?” Pensei um pouco. Lembrei que algumas quadras dali ficava a casa da mãe de Ecumênicus. Ele poderia estar lá.
“No Santo Antônio, rua tal.” Disse.
“Entra aí!” Entrei. Os caras olhavam desconfiados para o meu membro duro. Um deles ria.O do volante perguntou sério demais:
“Não baixa esse troço aí não, caralho?”
“É que tive priapismo, chefe.”
“Que porra é essa?”
“Obstrução nas veias que drenam o pênis.”
O carro freou bem na porta da casa da mãe de Ecumenicus. Me preparei para saltar. Um deles disse:
“Não quer fazer o B.O, não, camarada?”
“Não, muito obrigado. É que tô muito cansado.” Não disseram nada. Saltei e caminhei nu até o portão da casa. O carro partiu ganindo e girando suas luzes. Bati na porta da casa. Era quase uma da manhã. A porta se abriu e para a minha sorte, era Ecumênicus.Tinha os olhos vermelhos de noia. Já tinha fumado umas tantas. Ele me viu ali parado de membro duro e perguntou:
“Caralho, velho, o que aconteceu?”
Expliquei tudo a ele. Mandou que entrasse. Fumamos unzinho sem falar nada um para o outro. Depois fomos dormir. Fiquei uns tempos ali escondido na casa de Ecumênicus. Todos os dias ele me comprava aqueles tabloidizinhos nojentos e eu ia direto nas páginas policiais. Procurava temeroso, algo do tipo:
“MARIDO CHIFRADO DEIXA RICARDÃO ESCAPAR E MATA ESPOSA A TERÇADADAS.”

Mas para o meu alívio, não havia nada do tipo. Eu estava longe de complicações. Um belo dia, quando a poeira enfim assentou, bebia na companhia de Ecumênicus na feira de Santo Antônio, quando avistei o casal, Manel e Madá, juntinhos, mãos dadas, próximos á banca de peixes. Senti um frio na barriga e meu coração quase parou. Baixei imediatamente os óculos escuros e o quepe que me escondia o rosto e os vi passarem bem perto de mim com a cumplicidade e a normalidade própria dos casais que saem as compras numa manhã ensolarada de domingo. Foram se afastando. O cheiro de Madá ficando. Estava linda e provocativa num vestido vermelho preso desesperadamente ao corpo. Requebrava como uma entidade Exu.Tomei uma talagada da minha cerveja e respirei mais tranquilo. “Logo, logo, por conta do teu priapismo, broxarás de vez e se tornarás finalmente um homem de verdade, Mário Augusto.” Me disse Ecumênicus com seu típico bom humor.O pior que ele tinha razão. Priapismo leva á impotência sexual. Deus me guarde e livre! No fundo fiquei feliz em saber que Madá continuava viva. Eu estava vivo. Brindamos. Agora voltando ao ponto onde paramos... Onde mesmo? Ah, sim, estávamos numa peixaria comigo sentindo uma vontade imensa de ir ao banheiro com suspeitas de priapismo. Prendi o pau entre as pernas e esperei que baixasse. Marcos conversava com Virna e Chelsea ainda mastigava em silencio. Seus maxilares eram perfeitos enquanto mastigava a comida. Ninguém notava o meu desespero. É uma sensação desconfortante ir ao banheiro com aquilo duro. É como se todos olhassem pra você. Rissem de você. Condenasse você. Mas para minha sorte, senti o pau ir baixando lentamente. Voltava a sua habitual flacidez.Ufa! Alarme falso. Passado o perigo, levantei-me e fui ao banheiro. Urinei como um príncipe. Depois, olhei-me no espelho. Embora a pele estivesse um pouco ressequida - as olheiras fundas - me sentia relativamente bem. Por pouco não tivera um priapismo. Ensaiei animado alguns jabs, e caí fora dali.

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