UMA VELA
PARA MINHA NOVELA
- três dessa manhã longa-interminável com você
escondidinho debaixo do edredon socando uma punhetinha bem legal ao lado de sua
esposa que dorme enquanto você constrói imagens loucas na sua cabeça que não
deve revelar a ninguém de tão sagradas que são enquanto suas mãos fecham-se pra
valer em volta de seu membro super duro que sente crescer dentro cada vez mais das
suas mãos bem fechadas - uma punheta avançada para seu cérebro acompanhar e
seja como for o sangue circula sem parar bombeando os músculos do primitivismo
funcional onde você implementa uma política saudável para o corpo e mente e o
ritmo frenético que imprimes agora COMO TODA A PUNHETA SAGRADA DO MUNDO – AH, A
MASTURBAÇÃO, e você todo esse tempo com preguiça demais para tocar uma
punhetinha pensando em coisas adequadas demais e que portanto acaba privando-se
yourself do delicioso auge de deixar a porra jorrar tranquilamente de dentro de
seu tubogã de couro, VIRGULA? E NÃO SE ENVERGONHE AGORA DIANTE DE MIM, POR ISSO
PUXE NESSE INSTANTE O SEU PAU PRA FORA E MASTURBE-SE COM SUAVEMÊNCIA, aham,
isso, mas-tur-be-se – mas-tur-be-se
– mas-tur-be-se – mas-tur-be-se – masturbe-se masturbe-se MASTURBE-SE – MASTURBE-SE
– MASTURBE-SE – MASTURBE-SE – MASTURBE-SE – MASTURBE-SE – MASTURBE-SE –
MASTURBE-SE – MASTURBE-SE – MASTURBE-SE – MASTURBE-SE – MASTURBE-SE –
MASTURBE-SE – MASTURBE-SE – MASTURBE-SE – MASTUBE-SE, <UMA PÁGINA INTEIRA DE
MASTURBAÇÕES GLORIOSAS COMO UM TREM DESCARRILADO SEM PASSAGEIROS> - e a medida
que você sente se aproximando uma grande onda elétrica DE SÊMEN DOURADO COM OS
ANJOS DO SENHOR SURFANDO NELA e é só relaxar e mirar agora na direção da parede
mais próxima do seu quarto e, AHHHH CARALHO!!! SINTA TODO ESTE JORRO SAGRADO SAINDO
DE DENTRO DE MIM E DE VOCÊ QUE SOMOS AGORA UMA UNIDADE, e shhhhhhhhhhhh... vá
fechando seus olhos bem lentamente devagar assim e pronto, volte a dormir bem
lentamente devagar assim e shhhhhhhhhh...
>e este
capítulo ficou maneiro comigo dentro de você que me permitiu penetrá-lo com
suavemência, pois nâo?<
UMA VELA PARA MINHA NOVELA – e agora sim, meu Deus,
me sinto bem disposto nessa manhã de quarta-feira com minha mente desperta e
com esta frase de neon piscante ainda acessa piscando FRIAS VELAS DE NEON
ACESSAS DA MENTE e meus dedos fibrosos incontrolável mente sobre estas teclas
nesta viagem louca e incansável mente em que os semáforos mudam a toda hora de
tom na minha cabeça LETREIROS DE NEON SUJOS como os de um bar portuário sempre aberto
no final de uma rua esmaecida da Tamandaré como num sonho em que caminho até lá
macio quando todos desistem da noite e fazem o caminho de volta para suas
casas, e eu então subo as escadas desse bar portuário e me sento com meu copo
de conhaque Nero negro nas mãos e olho as gônadas e sei que não estou sozinho com
você dando voltas comigo no quarteirão da mente seguindo-me às cegas-cambaleante
mente o cheiro menstrual que deixo das minhas palavras feromonais que vou
deixando no caminho com estes meus seis milhões e meios de fins inundando minha
cabeça - um emaranhado de fios neuronais
na casa de máquinas de meu pequeno cérebro doente com um hamster Nero negro
pedalando fazendo ele funcionar e no fundo tenho medo de levar você comigo minha
pequena de bucetinha depilada e suculenta metida a escritora porque sou
esquizofrênico e este é o século da esquizofrenia E É O QUE HÁ DE BOM NESTE SÉCULO MOLE E SEM
PROEZAS (mas não era bem essa palavra MOLE, era uma outra palavra que acabei
esquecendo enquanto cortava cebolas que tomo com café todas as manhãs quando
ouço a Sinfonia no.09, Scherzo,m de Bethoven ela é engraçadinha sim que chega a
me provocar cocegazinhas na medula óssea, mais ainda prefiro Tocata e Fuga de Bach que qualquer outra coisa que venha
apimentar a minha tragédia ínfima e pessoal & na noite fria passada com
neons vermelhos do centro, caminhei em meio aos escombros dos prédios da minha
cidade fantasma que nunca verei edificada e ali sentado com meu copo de
conhaque Nero negro ( e todas ás vezes quando digito “n” de negro, reparem,
me aparece a palavra “n” de Nero e que raios, quem envenenou estes teclados,
porra?!) olhando as gônadas - FRIAS GÔNADAS PENDURADAS SUSPENSAS NO CÉU DO
DELIRIUM DRINKS que pouco dou importância para as meninas que dançam no palco e
para o telão que passa um pornô caseiro, e em um outro, o final do campeonato
de UFC enquanto um anão bêbado do Shop do Pé se masturba ao meu lado) e o que
me importa agora enquanto a imagem de meu pai me vem á cabeça me dizendo
naquele salão de Bacará da Tamandaré naquele verão de 78 – “Está certo, meu filho, mais tarde eu o
levarei para olhar os navios num domingo desses depois da missa da Matriz, eu
prometo – e num domingo desses de mãos dadas fomos ao Rodway para ver um enorme
NAVIO GIGANTE INGLÊS aportando no pier e eu nunca mais vou esquecer
daquele navio enorme gigante encostando no pier e meus olhos e meu coração se
acenderam de uma esperança estranha e arrebatadora que desde cedo já sabia que
minha vida seria ordinariazinha nesta cidade ordinária onde tento me tornar um
escritor e trabalhar decentemente mas para isso eu teria que evadir-me em algum
navio qualquer e quando será? - Então apertei as mãos enrugadas de meu pai
agradecendo pela extraordinária visão naquele domingo e ele vendo minha alegria
saltitante me prometeu que iríamos ver como funcionava a caldeira daquele
glorioso navio e que iríamos visitar todos os camarotes um a um e que o Queen
Elizabeth (este era o nome daquele portentoso navio) não o Petroleiro Amazônia
- banheira velha em que ele trabalhava e que viria se aposentar - onde ele conheceu
minha mãe durante uma viagem á Belém e se encantou com ela e esperto como era a
convidou para jantar com ele e ele então lhe dera uma cantada certeira daquelas
enquanto jantavam descendo o Rio Amazonas – COMANDANTE BRAZ, SENHOR DOS RIOS – Todo
empavonado Á CABECEIRA DA MESA PARA IMPRESSIONAR MINHA MÃE COM SEU LENÇO COLORIDO E TODA RADIANTE COM SEU
CIGARRO GAIVOTA QUE LHE TREMIA NAS MÃOS que quando eu cheguei de seu
sepultamento naquele ano de 2009, tomei coragem e abri seu pequeno diário e ali
escrito a lápis eu li com meus olhos chorando e com uma pedra enorme esmagando
meu coração - 30.04.1963 - meu pequeno
diário, tu sabes que as horas me fogem e o vento que sopra meu rosto fere meus olhos
enchendo de lágrimas e de medo - estou neste vapor com o coração repleto de
saudades e estranhamentos quando me vejo desprevenida neste convés com o
comandante me olhando o tempo todo sempre com seus olhos pretos da cor desse
rio - finjo não saber o que ele quer - as 12 e meia foi servido o nosso almoço
que constava de arroz, feijão, carne de gado e toicinho, por sinal muito
gostoso - Minerva lambe os beiços - só mais tarde, um café simples que provo
enquanto aprecio a chuva cair - prossigo triste durante a viagem inteira assim
como o resto da tripulação - mas viajo em paz com este homem de terno branco e elegante
me olhando - as sete da noite, sou acordada em meu camarote pelo taifeiro que
me traz uma xícara de café com torradas e um recadinho do comandante que deseja
urgente me ver na sala de comando - hoje fico sabendo o nome desse comandante –
depois deste encontro passo o resto da viagem distraída olhando o rio que até
Minerva desconfia - tu sabes, meu diário, eu não tenho costume de viajar, as
ondas são enormes e eu começo a me apavorar, mas lembro de uma frase que minha
mãe disse antes de partirmos – confia em
Deus que tudo dá certo - e continuamos a viagem...”
- um milhão de dedos teclando todos de uma só vez
sem parar dentro da grande máquina explosiva escondida dentro da minha cabeça
sputinik- beatinik, a coisa a fazer é seguir em frente neste tráfego intenso de
acontecimentos da mente com este fluxo intenso de imagens oníricas indecifráveis
na cabeça da gente que decido é ficar aqui com meus dedos fibrosos e dispenso a
humanidade das pessoas lá fora e fico sozinho com os meus hieróglifos porque a
grande revolução deste século virá dos coveiros que acordarão os seus mortos – e
por que será que é tão complicado amar o presente e o próximo, foi assim para
Rimbaud, para Dostô, para todos os gênios desgraçados e apocalípticos e
visionários, esperto mesmo foi Melville que zarpou em um navio pesqueiro ainda
bem jovem e ajudou a capturar aquela baleia - E outro dia conversando com Félix
em particular quando ele passava apressado para ir trabalhar e eu então o parei
e ele sempre para para me ouvir, pede imediatamente um copo, enche seu copo até
a borda, empena seu olhar frio de gangster falido, acende seu cigarro, salta
sua fumaça e espera qualquer coisa minha de utilidade pública e quem sabe eu
não serei o grande duplicador de sonhos como profetizou o Mosca só para passar
aquela noite em meu banheiro porque nunca tem um canto para passar suas noites longas
e frias e este foi o destino que o Mosca escolheu para ele, ele ata sua rede no
vão do banheiro e soh, (e o quê mesmo ia dizendo? cadê a porra do meu bloquinho
de notas?) – eu agora me preparando para dizer a Félix, “tudo é fantástico,
cara, se não houver imagem na poesia, nada é, cara, como Ecumênicus estuprando
a idosa, ânsia de amar, é como um fogo que acende as palavras e queima o papel
da alma – desenhos psíquicos da alma, tudo é como se fosse uma fragmentação
máxima de sentidos contrários – tipo fios pifados interligados, já tenho tomado
umas tantas eu sei, mas preste muita atenção no que digo, são as direções
tomadas do fluxo numa profundidade atemporal quase indefinida da mente, mas
como saberíamos, não é?” E ele agora me sorrindo me dizendo:
‘”e os seus
remedinhos;
cê tem
tomado direitinho
seus
remedinhos?”
- e foi para Félix que revelei minha doença –
“reagente positivo, meu chapa, cê tá com aids, mas relaxa, não é o fim do
mundo, os remédios avançaram, só maneirar mais com as dosagens de álcool na
veia, nada é mais ou menos como era antes, mas o sol ainda brilha até para os
que já desistiram de suas luvas de boxe e não bombeiam mais as tintas para suas
canetas mágicas – saibas que continuarei indo á sua casa para ouvir suas
estórias, acordá-lo – e se quiseres, estarei contigo no almoço quando revelares a doença a tua
mãe, talvez ela se engasgue com a espinha do jaraqui porque sei que não é nada
fácil, mas também não é o fim de todos
nós, vamos ali tomar umas cervejas, vamos?
<e sou grato a Félix, por suas palavras frias e
encorajantes...>
- mas estranho mesmo é caminhar com aids pelas ruas
do centro da tua cidade cantarolando aquele refrão engraçadinho do The Doors LÁ
LÁ LÁ LÁ LÁ LÁ LÁ/ LÁ LÁ, LÁ LÁ LÁ LÁ LÁ
e nem adianta que você talvez nem se lembre e deixe pra lá!
,e quando deixamos finalmente aquela delegacia eu
parecia ainda ouvir o xerife assobiando a merda do Wando só para nos deixar
mais arruinados por dentro e não nos devolveram os nossos materiais e estávamos
fracos demais para reivindicá-los (nos
veríamos mais tarde em uma audiência no Ministério Público) é que só queríamos
morder alguma coisa e nos encaminhamos para o final da rua onde havia uma adorável
vitrine de padaria frutas cristalizadas com nozes de maçã – não não não não não
capturei isto de uma página de Virginia Wolf descuidada enquanto planejava seu
suicídio, mas tudo bem, como disse, só queríamos algo para mastigar mesmo - e
chovia bem fino e meu Deus, que derrota os cinco ali com fome mastigando nossos
sanduíches invisíveis porque os caras ainda confiscaram todas as nossas moedas
e não tínhamos nada mesmo, o jeito era voltar para casa vitoriosos de nossas
derrotas e o Boca nos dizendo agora – “ah, que se foda, vou para casa e para os
meus boomerangues!” – “Boa sorte, Boca, com os seus Boomerangues!” – E ele vai
cambaleando com seus cabelos sujos assobiando o Choro da Bia pelas ruas que já
foram bastante molhadas pela chuva eu suponho que nem ouvimos ela cair porque
passamos o dia todo naquela delegacia trancafiados, mas ainda há o cheiro do
asfalto molhado e da noite triste vestida de fome e com lábios pintados de
derrota como meretriz valiosa e decadente e é assim as noites pela orla da
minha cidade - Mais tarde é a vez do Garoto e do Betânia nos dizer adeus e
pegarem o beco de suas vidas, e eu então olho para Ecumênicus e decidimos
seguir para o centro e quando lá chegamos – tem mais – nos sentamos na mesa do
Macintosh que fervilhava e (e minha doce safadinha do Platinados estava na boca
de todos) e sentamos ali para olhar o movimento e foi quando ouvi Ecumênicus
dizer – “Ah, estou cheio dessa noite cavernosa, triste e acabada, por isso,
Mário Augusto, me deixe agora aqui sozinho no meu canto escuro pra escrever” – E
eu o deixo ali sozinho escrevendo inclinado sobre um guardanapo com sua
calvície triste e me aproximo do imenso quadro do Dom Quixote que ainda está
exposto, e meus olhos de fome investigam a essência daquela pintura gigante
aprisionado naquela moldura do tempo – E meus braços virados para trás e as
cores que me saltam aos olhos investigativos – e todos cantam a canção
safadinha do Platinados – sabem de cor aquela canção - E o Robert se
aproximando de mim me dando uns tapinhas nas costas, dizendo com sua voz calma:
< E onde foi
que vocês se meteram, cara?>
<Estávamos presos, cara. Eu e o resto da corja.
Tudo que quero agora é um prato de sopa.>
<Só que não tenho grana, véio. Ainda não vendi meus
quadros.>
<Mas vai vender. Fique certo disso.>
- Queria mesmo era ficar mais um pouco na companhia
de Ecumênicus, mas ele já se foi - Me alimento da arte que faço, saca? - Sigo
por onde ninguém segue - Pulo de poça em poça me livrando dos abismos que se
abrem sob meus pés – É como estar sob efeito da papoula – Volto ao ponto de
onde parti olhando o sonho de Cervantes – Estou quase certo de minha missão na
terra – Este é o ofício que me coube – Foi o de Cervantes também quando lutou
com seus moinhos de ventos - Desço sozinho a Avenida dos meus sonhos rumo ao
puteiro mais próximo – Não tenho grana, eu sei, e ainda estou com muita fome, mas
nada me impede de entrar e sentar e ver tudo em minha volta girando – Enquanto
desço vejo minha cidade com seus edifícios médios, seus casarões antigos e
abandonados, seus automóveis, suas pessoas, seus fantasmas - A vida é portanto
um laboratório vasto e único onde nós fazemos os nossos próprios experimentos
para nós mesmos experimentarmos, e depois, quem sabe, você e o mundo - Toco meu
instrumento no escuro do vazio dos meus delírios - Um blues amazônico esquecido
- Mas toco - Sinto um formigamento que me impele a seguir tocando minha música
- Palavras são como bolas de sinuca que nunca erram o buraco – Mesmo que você
ainda jogue com seus olhos vendados – Sensação de estar vivo – Escrever é como
um milagre de estarmos vivos – É como morder um pedaço de frango bom – Uma vagina
aberta e iluminada lhe sorrindo - Há bilhões de sonhos explodindo dentro de nós
– A fábrica dos sonhos estarão sempre abertas com suas máquinas em
funcionamento à todo vapor – Sou um operário da palavra – Um duende das larvas
do seu quintal encantado - Neste puteiro vazio de pernas abertas e axilas
suadas eu vejo um bilhão de sóis brilhando – O sol nasce certo, nós é que somos
tortos – Já nem sei mais o que digo, mas digo – Sei que esperavam algo mais
deste fim triunfal que eu tinha planejado pra nós dois, mas calma, nada acaba
por aqui, acaba?
– e agora
licença que este cavalheiro vai ao toalete...
para Flávia Abtibol que através de sua lente, me inspirou a escrever este primeiro capítulo de nossas vidas enquanto comíamos papel no Bar Caldeira...
Manaus, quinta-feira, 01 de junho de 2013
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