“Prezado M. estou certo de que somente o amor ainda pode tornar o homem necessário
neste mundo. Uma serenidade maravilhosa apoderou-se de todo o meu ser, algo
semelhante ás doces manhãs de primavera que venho saboreando intensamente neste
jardim de eternidades. Estou sozinho agora, e felicito-me por viver neste
lugar, feito para almas como a minha. Sinto-me tão feliz, meu caro amigo, ando
tão inteiramente absorto no sentimento de uma existência tranqüila, que minha
arte sofre com isso. Seria incapaz de desenhar agora um simples traço a lápis
e, apesar disso, nunca fui tão excelente pintor. Meu amigo, se o dia começa a
raiar em minha volta, se o mundo que me cerca e o céu inteiro descansam no meu
peito como a imagem de uma bem-amada, então suspiro e digo para mim mesmo: “Ah,
caso pudesse se exprimir, caso pudesse passar para o papel o que em você sente viver com tanto ardor e
tamanha abundancia, de forma que ali estivesse o espelho de sua alma, como a
sua alma é o espelho de Deus Infinito!...” Ah, meu amigo, mas me sufoco,
esmoreço diante da magnitude dessas visões...”
Com amor,
Wolfgang Goethe
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