terça-feira, 24 de setembro de 2013

O ANÃO DO AÇOUGUE



                                                (...) o foda não é a subida. É a queda.

                                                                                    (Jesus)





PARTE I – BARGANHA

Ela estava tendo uma espécie de avecê ou algum ataque epilético, sei lá, e aquilo era feio demais. Fiquei ali na cama encolhido olhando horrorizado àquela cena deprimente sem saber exatamente o que fazer. Era uma situação nova para mim: aquele imenso corpo se tremendo todo. Os olhos arregalados fitando o teto espelhado. E ela era tão gostosa, aquela mulata. Um corpão maravilhoso. Um bundão do caralho e eu nem cheguei a meter nela. Que desperdício! O espetáculo de horrores durou quase meia hora. Quando ela parou de tremer e ficou ali inerte na cama com a cara torta – lembrando aquele clássico do Exorcista – achei que tivesse apagado de vez. Toquei levemente com o pé na altura do seu ombro esquerdo. Nada. Mas não estava morta, não, pois que lhe senti o corpo ainda quente e um leve respirar de passarinho. Levantei-me e fui ao banheiro urinar. Urinei mais tranquilo. Até aproveitei pra fumar um cigarro. Quando voltei, ela estava lá sentada à beira da cama; os cabelos desgrenhados parecendo uma bruxa nocauteada. Os peitões firmes pulados pra fora porque ela havia se livrado apenas da blusa quando sofreu o ataque.
“Desculpa, foi mal. É que estou sem tomar meus remédios.” Ela me disse passando a costa da mão no nariz ajeitando seus cabelos para trás. Passou a travessa e já estava de pé pronta para a guerra. Era imensa e gostosa metida naquele jeans apertadíssimo que lhe deixava com um enorme bundão. Passei a tarde inteira desejando aquele bundão atrás daquele jeans colado na pele. Tinha grana para comer aquele bundão. O dinheiro do meu inseguro desemprego. Fiquei pensando no que dizer. Ofereci-lhe um cigarro e ela aceitou.
“Você me desculpa, mas preciso ir.”
            
           “Mas nem transamos!”

“Não tem mais clima.”

“Bate uma pra mim? Pra não perder a viagem, sabe como é.”

“Punheta é vinte!”

“Porra, vinte é muito por uma punhetinha. Fecha em quinze?”
            
            Ela me olhou com um olhar azedo e disse:

“Quinze, mas tem que ser rápido.” Fiquei de joelhos sobre a cama como um adolescente afoito e desci apressado o zíper da calça. O pau pulou pra fora feito um demônio enlouquecido.

“Só mais uma coisinha, pode ser?”

“Diz aí!”

“Dá pra você, bom, ficar assim de quatro e arriar só um pouquinho seu jeans pra ver sua calcinha enquanto você bate uma?” Ela estendeu sua mão direita dizendo imperativamente:
 “Mais dez?”

“Oquei!” Ficou com a mão estendida. Apanhei a carteira e dei os dez.
         
          “Por que não me dá logo os vinte e cinco?” Dei-lhe os vinte e cinco. Ela arriou uma parte do jeans até os joelhos e eu vi sua calcinha vermelha aparecer. O tecido vermelho sobre a pele negra. Uma loucura. Pôs-se de quatro e a sua enorme bunda projetou-se no teto espelhado daquele motel vagabundo. Uma visão esplendorosa a daquela mulata acaboclada. Coxas poderosíssimas, bunda prepotente. A mão direita dela enlaçou meu pau e foi pressionando com frieza para cima e para baixo. Ela me olhou nos olhos com submissão. Aquilo me deu mais tesão. Olhei para sua boca enorme e carnuda. Pensei em muitas sujeiras. Enfiar meu pau naquela boca. Em espancar aquele enorme bundão. Depois montar nela. Enfim, mostrar quem mandava ali. Enquanto ela acelerava a punheta, fiquei pensando quanto de dinheiro ainda tinha na carteira. Peguei a carteira com a direita, enfiei a mão trêmula lá dentro e alcancei uma nota de dez. Mostrei pra ela:

“Um boquete, vai?”

“Boquete é trinta, bebê!”
          
        “Porra, trinta? Assim tu me quebra. Paguei horrores de cervejas no Holandas, lembra não?”
 “Vinte e cinco e não se fala mais!”

“Vinte e cinco, fechado!” Peguei a grana.

“Não demora pra gozar, não, caralho!” Pegou os vinte e cinco e foi abocanhando meu pau latejante. Caralho, senti um prazer imenso. Não havia amor, não havia ternura. Melhor assim. Apenas aquela língua trabalhando o meu pau. Apertava-lhe com a boca. E que boca! Uma boca milagrosa. Meu pau cada vez mais duro, feito uma estaca apontada pro céu. Oh, glória! Devia ser umas seis da tarde daquele dia. Os sinos da Igreja Matriz. A Ave Maria de Gonoud. Vai cadela! Chupa! Olhou-me furiosa. Calei-me. Prosseguiu chupando. Sua língua deu uma volta na base circular do meu pau e depois foi escalando lentamente até à cabeça dele. Brincou um pouco nela com a ponta da língua. Uma profissional, era. Tava me deixando louco. Dei o primeiro solavanco.

“Não vai gozar na boca, porra!” Tentei segurar o segundo, mas ele veio. Potente. Empurrei a tempo o rosto dela para não atingir-lhe em cheio sua cara. Pingou um pouco de sêmen na testa.

 “Quase me acertou, seu puto!” Fiquei na mesma posição, ofegando. Mãos na cintura. As pernas tremiam. Ouvi pela primeira vez o ruído do ar condicionado velho. Era deprimente. Tudo fica deprimente depois que você goza. Pensei em Selminha. Em todas as pessoas do mundo. Depois de uns anos de casado, você faz um esforço tremendo pra foder a esposa e ejacular logo. Pede pro seu pau gozar rápido. Pensa na sua vizinha ou na garota da parada de ônibus que é pra ajudar. Não há mais tesão. As relações secam. Tudo seca. Após o coito, você beija falsamente a testa de sua esposa, companheira, namorada, sei lá o quê, e depois vira sua bunda pra ela. E a vida segue...

Nenhum comentário:

Postar um comentário