A PROFECIA DE JESUS
SE CUMPRE
Era
óbvio que cedo ou mais tarde o anão nos pregaria uma peça. O fenômeno tinha a
ver com a sua estrutura física e fisiológica. Da Cruz diminuía de tamanho a
cada ejaculada. Percebi por causa das roupas que lhe pareciam cada vez mais
folgadas no corpo. A gala mais rala. Os tiros cada vez mais curtos. O que fazer
agora? Levei o caso ao conhecimento do seu Tapajós, que por sua vez não
acreditou muito. Provei a ele que o anão estava mesmo diminuindo. Propus a
reduzir de três para duas ejaculadas por dia. Ou então conceder umas férias
urgente para o anão poder descansar. Mas não houve acordo. E o anão continuou
com seu show. Diminuía de tamanho cada vez mais. O quimono agora o engolia por
inteiro. Ajudava-o a sentar na cadeira. A subir e descer do tablado. As
ejaculadas diminuíram de três para duas. Depois de duas para uma. O anão foi
perdendo a força. A graça. Não dava mais conta das ejaculações. Era como uma
lâmpada enfraquecendo. Chegou á altura do meu joelho. Virou motivo de chacota.
Vaias. As pessoas foram deixando de freqüentar o Delirium. Aquilo lá foi
esvaziando. As pessoas queriam ver o anão ejacular; beber e banharem-se do seu
Ganges sagrado. Seu Tapajós chegou comigo e sussurrou em meu ouvido:
“O
senhor vai dar o seu jeito, seu Mário. Estamos até aqui de dívidas pra pagar.”
Mas o que eu poderia fazer leitor? Aquilo era algo irreversível.
O
anão agora media menos de três palmos de altura. As meninas já tinham dado o
fora. O barco afundava. Uma noite, sem ter muito o que fazer, guardei o anão no
bolso de minha camisa e foi minha vez de cair fora dali de mansinho. A negrinha
que nunca mais tinha visto no meio de toda aquela confusão, surgiu no topo da
escada. Achei que fosse me dedurar. Mas, sorrindo imbecilmente, queria apenas
me mostrar os seus dentes novos, de ouro:
“Ah,
vá à merda, negrinha!” E pulei fora dali pra nunca mais...
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